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Testemunho de M., de Lisboa, diagnosticada em 2012
- O que foi que lhe deu mais força ao longo do processo de recuperação?
Muitas coisas. Em primeiro lugar, a minha fé e saber que muitas pessoas rezavam por mim (foi a forma que encontraram para me apoiarem); a confiança que depositava nos meus médicos e a humanidade que sempre demonstraram; os meus filhos (de 1 ano e meio e 3 anos) a sorrirem para mim e pedirem para ficar bem e o amor incondicional do meu marido; a família próxima e a família do coração, com tantos pequenos grandes gestos.
- Manteve sempre a esperança? Se sim, o que ajudou?
Nem sempre. Houve dias em que pensei que mesmo sobrevivendo, não ia tornar a ter uma vida “normal”. Não ia conseguir deixar de ter dores e incómodos (de estômago, etc). Não ia voltar a ser autónoma nem a ter uma aparência “normal”.
Mas ajudava muito encarar um dia de cada vez e pensar que temos o direito a ter dias que não são bons. O que importa é não perder a esperança em dias melhores.
- Que conselho daria a quem está neste momento a passar por um processo de recuperação/início de recuperação?
Que há que nunca perder a esperança. E que temos que nos focar em nós próprias por nós e por aqueles que dependem de nós. As Super-Mulheres também são humanas e não têm que estar sempre ótimas e podem (e devem) chorar “quando é preciso”. O que importa é valorizar as conquistas e gozá-las. Não deixar nada por dizer, em especial a quem se ama.
- Qual a maior lição que retirou desta fase da sua vida?
Que nada sucede por acaso e que cada segundo é precioso.
- O que sentiu ao saber que estava recuperada?
Desconfiada. Aliviada mas perdida.
- O que sente ao saber que há cientistas que se dedicam exclusivamente a estudar esta doença e formas de tratamento?
Um conforto indescritível. Uma esperança enorme em que haja uma descoberta da prevenção e se salvem muitas vidas.
- Que outras mensagens de força quer deixar para quem acabou de ser diagnosticado ou está em processo de tratamento?
Que não desvalorize o peso negativo da palavra “cancro” por comparação com tantas outras doenças igualmente graves e não perca a esperança.
Que na medida do possível, (1) mantenha rotinas como a prática de desporto e outras que dão um “sentido de normalidade”; (2) tente continuar a arranjar se e a sentir se especial; (3) escreva o que sente e exercite a positividade.