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Testemunho de J., de Lisboa, diagnosticada em 2021
- O que foi que lhe deu mais força ao longo do processo de recuperação?
Humor, foco, ser profissional de saúde (muitos anos a preparação de estéreis, inclusive quimio em meio hospitalar, conhecer de perto as etapas, ajudou-me a estar menos ansiosa, por saber o que esperar) e ser tratada no sitio onde trabalhava também, foi muito importante todo o carinho e acolhimento que se gerou dentro e fora do hospital! Tive família e amigos incríveis que fizeram com que me sentisse super apoiada! Poder falar com outras mulheres que passaram pelo mesmo também me ajudou muito e muita psicoterapia, era um autocuidado que já tinha do qual não abdiquei.
- Manteve sempre a esperança? Se sim, o que ajudou?
Sim, confiei muito na minha equipa. Fui muito disciplinada no autocuidado durante os tratamentos, exercício, alimentação, meditação, hidratação, dançar 5 minutos todos os dias. Naturopatia, medicina quântica. Fez com que sentisse o corpo a responder bem, o que me fez manter sempre alegria e o foco.
- Que conselho daria a quem recebeu neste momento um diagnóstico?
Assusta muito no inicio, mas é uma fase, procurar informação fidedigna junto de profissionais ajuda a tirar todas as dúvidas, ser aberto sem vergonha ajuda a obter a informação no sitio certo, e com isso ir gerindo etapa por etapa, sendo um elemento ativo nas decisões. Dançar 5 minutos todos os dias mesmo que não apeteça, faz toda a diferença, muda a frequência.
- Que conselho daria a quem está neste momento a passar por um processo de recuperação/início de recuperação?
Para mim foi a foi a fase mais desafiante, e dos grupos com quem tenho contactado, é comum. Acabam as tarefas, o foco muda, a pessoa pode finalmente relaxar e eu fiquei a sentir: e agora? O que é suposto fazer, sentir? Foi uma avalanche enorme de emoções, é importante respirar fundo e perceber que não são todas as fases ativas, que já não somos a mesma pessoa, mas que com tempo, paciência e acolhimento, tudo se encaixa novamente.
- Qual a maior lição que retirou desta fase da sua vida?
Ter tempo para mim, estar mais atenta a tudo o que estava a minha volta, saber ouvir-me, não estar quando não dá sem medo, sem culpa, deixar a vida fluir sem pressa, e mesmo que mais ninguém entenda.
- O que sentiu ao saber que estava recuperada?
Uma grande alegria, embora haja sempre alguns desafios.
- O que sente ao saber que há cientistas que se dedicam exclusivamente a estudar esta doença e formas de tratamento?
Muito feliz.
- Que outras mensagens de força quer deixar para quem acabou de ser diagnosticado ou está em processo de tratamento?
Muito importante na minha ótica sermos abertas, falar mais sobre infertilidade, menopausa precoce e todos os seus desafios e o impacto que causam, porque podem ser permanentes. Estes são para mim os maiores desafios, no caso da minha doença com carácter hormonal. É muito importante termos doentes abertos, conscientes e com literacia sobre o corpo e sobre a doença! Muito importante perguntar até pelo que possa parecer tonto, só assim se dissipam dúvidas, estamos sempre todos a aprender! É muito importante ver o doente como um todo, saúde física, mental, sexual, faz tudo parte do mesmo pacote!