O cancro da mama

Partilhas

Testemunho de Ana Silva, de Monchique, diagnosticada em 2021

Até hoje nunca partilhei a minha história numa rede social. Hoje, passado mais de um ano chegou a minha vez.

No dia 15 de Novembro de 2021 antes de ir almoçar com uma amiga passei, por acaso, no laboratório onde meses antes tinha feito uma ressonância magnética. Só a fui fazer após enorme insistência de uma amiga/irmã, que todas as semanas me recordava que a médica que me tinha feito uma mamografia muitos meses antes, me recomendou fazer uma ressonância magnética. Não fiz antes, pois sentia-me bem, na verdade sentia-me muito bem.

Fazia exercício 2 vezes ao dia, comia bem, trabalhava muito, divertia me muito, tinha passado por muito sofrimento anos antes, enfim finalmente agora podia VIVER. Mas calhou-me a mim… no dia 15 de Novembro de 2021 ao abrir o envelope a palavra carcinoma apareceu… o que fazer? Um misto de ignorância, estupidez, dor, confusão, não me permitiam sair de andar em ciclos. Mas mais uma vez perante esta contrariedade da vida, de onde menos esperava foram aparecendo, uma atrás da outra amigas a iluminar e a desbravar o caminho.

Ninguém fez o caminho por mim, mas tive sempre quem me iluminasse o caminho e me permitisse fazer as melhores escolhas. A todas estou grata, muito grata. Escolhas, decisões, questões, dor, ingratidão, amor, dúvidas, foram os sentimentos que vivi até escolher o meu caminho. Depois tornou-se mais fácil, o caminho estava escolhido faltava fazê-lo. Confesso que foi mais difícil escolher que caminho seguir, do que fazê-lo. Nada foi como esperado, mas sabia o que fazer. A radioterapia foi um grande desafio para mim, deixou-me de rastos física e emocionalmente.

Hoje partilho um pouco da minha história e assim alivio a enorme angústia que é esperar pela próxima consulta, ouvir o médico dizer que está tudo bem e que terei nova consulta daí a 4 meses. E assim se vai repetindo até que um dia me possa despedir do médico sem lá ter que voltar.