Modificação da orientação e organização do colagénio pode ser uma forma de bloquear a formação de metástases
A organização e orientação de fibras de colagénio (componente essencial da matriz extracelular, ou o “cimento”, em tumores de mama) é importante em vários processos fisiológicos e patológicos. Nomeadamente, a orientação das fibras de colagénio (“lineares”: paralelo ao eixo central do tumor) sabia-se ser factor de pior prognóstico em doentes com cancro de mama.
Neste estudo publicado na revista cientifica Cancer Research, investigadores dos EUA investigaram o potencial terapêutico de bloquear o processo de linearização do colagénio tumoral como forma de prevenir a progressão da doença. Os autores descobriram duas proteínas secretadas, com ação oposta: wisp1, que promove a linearização do colagénio, e wisp2, que bloqueia esse processo (resultando na formação de fibras de colagénio não orientadas ao longo do tumor). Os autores descobriram ainda que doentes com diferentes tipos de cancro apresentam reduzidos níveis de wisp2 quando comparados com tecidos normais. Aumentando os níveis de wisp2 em modelos animais de cancro de mama demonstraram que esta abordagem terapêutica bloqueava a invasão tumoral e a formação de metástases.
Este estudo revela, pela primeira vez, uma nova abordagem ao problema da doença metastastática que visa impedir a organização e orientação “linear” das fibras de colagénio de tumores de mama propícias à disseminação tumoral e a formação de metastáses de forma a impedir as mesmas.